Você, ministro (a) da Palavra de Deus para crianças, vale a pena ler este texto escrito pelo pastor Antonio Gilberto* e publicado no site Escola Dominical, da CPAD. Boa leitura!
Evangelismo Infantil
Pastor Antonio Gilberto
Fonte: Escola Dominical
A apresentação da mensagem da salvação à criança deve ser descomplicada, simples, prática e sucinta, na dependência do Espírito Santo e nunca esquecendo da oração intercessória pela criança e por sua família, mesmo que esta já seja salva. O apóstolo Paulo, certamente o maior ganhador de almas de todos os tempos, faz constante menção do recurso e do valor da oração, inclusive quando várias vezes pede oração por ele mesmo nas suas epístolas.
A seguir, apresentamos alguns passos e pontos recomendados para antes, durante e depois de evangelizar a criança, seja individual ou em grupo. É evidente que isto pode variar de caso para caso. Por outro lado, vemos na Bíblia que os exemplos de conversão não são idênticos quanto ao indivíduo em si. A obra de Deus é perfeita, mas o ser humano, inclusive a criança, é falho, imperfeito e limitado em tudo. Daí, reiterarmos que o evangelista precisa sempre, pela fé, depender da Palavra, e do Espírito para capacitálo e dirigi-lo.
• O obreiro de crianças (evangelista pessoal, conselheiro, professor da ED, membro da família da criança etc.) deve estar a sós com a criança e em poucas palavras apresentar-se (se não é pessoa bem conhecida), dando o seu nome, e ao mesmo tempo deve perguntar o nome da criança, e a partir daí, chamá-la pelo nome. Quando evangelizando um grupo de crianças, como é o caso da classe da ED ou de um núcleo bíblico, que pode ser numa casa, escola pública etc., um método altamente eficaz é o de contar histórias (que podem ser estritamente bíblicas ou não), mas destinadas a comunicar as Boas-Novas de salvação em Cristo, consoante a mentalidade infantil.
Aqui, como já dissemos, o professor ou evangelista de crianças, além de conhecer na prática a Bíblia, e métodos e técnicas de ensino infantil, precisa depender de Deus em cada ocasião, e estar orando sempre (Ef 6.18 e 1Ts 5.17).
• O obreiro deve falar com clareza, ênfase, confiança e devagar, usando termos condizentes com a idade da criança. Deve dizer, com amor, graça e alegria, que Deus ama a todas as pessoas indistintamente, inclusive cada criança, e que Ele quer salvar a todos, inclusive as crianças. Alguns dos textos para o professor estudar: João 3.16, 1Timóteo 2.4 e 1João 4.7-10.
• Deus declara em sua Palavra que todos pecaram, e isso inclui a criança, a qual, independente de etnia, cultura e condição, já nasce com o estigma do pecado (Sl 58.3 e Rm 5.12). É óbvio que a criança enquanto no estado de inocência não tem consciência de pecado no sentido moral, isto é, o mal. Temos que entender que quando a Bíblia diz: “todos pecaram”, isso inclui também a criança. Em Romanos 3.23 e Tiago 4.17 vemos que o pecado pode ser por comissão (pecado praticado), e por omissão (deixar de fazer o que Deus estatuiu; sejam as leis espirituais das Escrituras, sejam as leis naturais, abrangendo nosso corpo, alma, espírito, meio ambiente, família, relacionamentos sociais, conduta etc.).
• O castigo da pessoa em continuar e persistir na prática do pecado, a partir da incredulidade (que é o pecado máter), é a morte. Em se tratando do pecado, morte significa ficar eternamente separado de Deus e em sofrimento, ao morrer o corpo físico. Daí, morte no sentido bíblico vai muito além do cessar da vida física (consulte João 5.24 e Romanos 6.23).
• Jesus ao morrer por todos na cruz, levou sobre si os nossos pecados, para que agora possamos ser salvos, e um dia irmos morar com Ele no Céu. Entre as referências inerentes a esse particular estão João 14.6, Romanos 5.8 e 1Pedro 2.24.
• A salvação é uma dádiva, um presente gracioso de Deus para nós. Não há ninguém que possa se salvar por seus próprios meios ou recursos. Efésios 2.8-9 e Tito 3.5 expressam essa mensagem de forma bem clara.
• Tudo o que precisamos fazer agora para sermos salvos é arrepender-nos dos nossos pecados, pedir perdão a Deus e viver para Jesus. Ele já obteve a nossa salvação quando deu a sua vida por nós, pecadores.
Mensagem ao alcance da criança
A linguagem do obreiro deve ser, como já dissemos, clara, simples, e dentro de um vocabulário conhecido pela criança. Na igreja quase sempre as mulheres são as que melhor se ajustam ao trabalho infantil. A mulher cristã tem aqui uma elevada e primorosa oportunidade.
Ao fazer as citações bíblicas para as crianças, o obreiro deve tornar claro, na linguagem e compreensão delas, o conteúdo da referida passagem. Durante o convite às crianças para aceitarem a Jesus, o conselheiro deve ajudá-las a orar e a pedir perdão a Deus por seus pecados. “Arrependei-vos, pois, e converteivos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor”, At 3.19.
O obreiro deve ainda ajudar a criança que aceitou a Jesus a dar graças pela salvação recebida pela fé Nele (Jo 1.12-13 e At 16.31). Deve também dizer à criança que às vezes o crente comete pecados contra Deus após ter recebido a salvação, mas quanto a isso as Escrituras Sagradas afirmam em 1João 1.9; 2.1 que se confessarmos os nossos pecados, Deus nos perdoará, e assim continuaremos sempre como membros da sua família: os crentes, a sua Igreja.
Desenvolvimento espiritual da criança
É fundamental que a criança convertida seja auxiliada no desenvolvimento da sua fé em Cristo. Vejamos alguns passos que devem ser tomados nesse sentido em relação à criança:
1) Orientar quanto à leitura diária da Bíblia e explicar como se faz isso. Hoje a criança aprende a ler muito cedo, com as óbvias exceções.
2) Orientar a criança quanto a memorização de versículos da Bíblia e guiá-la na seqüência de versículos. Há publicações especializadas nesse sentido. Uma das coisas maravilhosas da Palavra de Deus é o seu poder santificador em nossa vida, quando compreendida e crida. Uma vez memorizado o versículo, a criança, com ajuda de seu conselheiro, precisa entender a mensagem de Deus contida no dito texto. Uma criança com facilidade pode memorizar aos poucos, por exemplo, o Salmo 23, mas a mensagem divina do seu conteúdo o professor precisa explicar à criança, versículo por versículo.
3) Despertar na criança a confiança nas promessas de Deus. Grande parte da Bíblia consiste de santas, fiéis e eternas promessas divinas. Na visualização e memorização de versículos da Bíblia, incluir aqueles que contém promessas de Deus para nós.
4) Insistir com a criança sobre a necess idade de l a orar diariamente a Deus. Mostrar-lhe que podemos orar de muitas maneiras, dependendo da situação e do local.
5 ) F a l a r com a criança o quanto é necessário freqüentar os cultos na Casa do Senhor – o templo onde a congregação se reúne para o culto.
6) Falar à criança da necessidade de obedecer às diretrizes de Deus escritas na Bíblia, para a nossa vida.
Família, escola e igreja
Abordamos a seguir algumas observações e sinais de alerta para o lar, a escola e a igreja concernentes à criança e o nosso cuidado com ela.
1) A criança está saindo do ambiente do lar, cedo demais na vida, para escola, creche etc. A escola não substitui o lar; ela pode complementar o lar. O Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) contém esse ensino básico e fundamental quanto a criança. Outras partes da Bíblia também, como o livro de Provérbios.
2) O mestre da rede escolar, hoje, não cuida mais do aluno; cuida apenas da matéria que ensina. O professor apenas dá aula, mas não se comunica com o aluno.
3) A mídia secular, seja ela qual for, jamais apresenta uma família feliz, e isso afeta negativamente, e em muito, a criança.
4) Estamos na era da máquina, mas, lembremo-nos que a comunicação da máquina é unilateral; é de “mão única”, e isso afeta gravemente a criança, caso não haja a devida compensação.
5) A abolição total da disciplina no lar, bíblica, preventiva, amorosa e cristã, pelos pais (conforme Provérbios 23.13) é altamente danosa à criança. Alguns dos maus resultados dessa omissão inominável é a criança desconhecer limites justos e imperiosos, em casa, na escola e no lazer (Pv 29.15b). Outro resultado danoso disso é a criança tornar-se problemática na escola e no lazer sob a desculpa (sem base) de que ela é hiperativa e voluntariosa.
Individualização da criança
Uma criança com desenvolvimento normal e criada em ambiente normal começa a sair do seu egocentrismo e a perceber a individualidade dos outros aos três anos de idade. É nesse tempo que a criança, via de regra, começa espontaneamente a referir-se a si mesma na primeira pessoa do singular – eu.
Antes de atingir esta idade, a criança deve ter a clara noção do ‘sim’ e ‘não’; de ‘pode’ e ‘não pode’. Ou seja, ela deve conhecer limites, o que está dentro do seu mundo de ação, e o que não está. A criança que, com amor, não recebe um ‘não’ quando é preciso, por fraqueza, insegurança, ignorância, sentimentalismo, ou mesmo desleixo dos pais, tenderá naturalmente a ser absoluta, achando que o mundo inteiro é seu e que todas as pessoas existem para atendê-la.
(Extraído da revista Ensinador Cristão, nº 20, páginas 18 - 20)
Pastor Antonio Gilberto
Ministro do Evangelho, Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD. Formado em Psicologia, Teologia, Pedagogia e Letras, autor de vários livros; editor da Bíblia de Estudo Pentecostal em português, sucesso em todo o Brasil; fundador e primeiro
coordenador do CAPED, de 1974 a 1989, e com um ministério que vai além das fronteiras nacionais, ele é indiscutivelmente uma das maiores personalidades da literatura evangélica nacional. Recentemente, atendendo a um convite da Convenção Geral da AD nos Estados Unidos, foi empossado membro da Junta Diretora e hoje é consultor da Global University em Springfield, Missouri EUA.